Então a culpa é minha. A culpa é sempre minha, tão minha que já virou amiga íntima. Aparece toda hora. Quando é, e quando não é pra aparecer. Às vezes ela se senta do meu lado e sussurra essas coisas no meu ouvido que me torturam, torturam de verdade. Palavras amargas com sabor de realidade. Ultimamente ela anda me seguindo, por onde quer que eu vá, e por mais que eu tente escapar, quando estou cruzando a rua esperançosa de que dessa vez eu finalmente me safei, ela aparece. Vestida de preto, essa é a sua cor favorita. E ela traz consigo as lembranças. Todas elas, não deixou nenhum detalhe cair no caminho. "Por que não vamos conversar, relembrar algumas coisas?" a culpa diz. Ela abre um sorriso e então ouço sua voz cantarolando na minha mente. As cenas. Todos os momentos. Ela passa um braço em volta de mim, quase como que pra me apoiar, mas também para não me deixar fugir. E é quando vejo esse pequeno fato. A culpa é minha e já faz parte de mim.
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